terça-feira, 21 de abril de 2015

HISTÓRIA – Tancredo, 30 anos depois

Tancredo Neves, o primeiro presidente civil após a ditadura militar, que
morreu sem tomar posse: personagem vital para a redemocratização.

Neste 21 de Abril, Dia de Tiradentes, o mártir da independência do Brasil, transcorrem os 30 anos da morte do ex-presidente Tancredo Neves, o estadista cujas hábeis articulações pavimentaram a redemocratização e que, eleito, morreu sem ser empossado. Derrotada no Congresso Nacional a emenda constitucional reinstituindo as eleições diretas para o Palácio do Planalto, a emenda Dante de Oliveira, respaldado por amplo apoio popular Tancredo tornou-se o primeiro presidente civil após 21 anos de ditadura militar, eleito em pleito indireto, no colégio eleitoral. Favorecido pela dissidência no PDS, o Partido Democrático Social, sucedâneo da Arena, a Aliança Renovadora Nacional, como legenda de sustentação do regime dos generais, ele derrotou no colégio eleitoral o ex-governador paulista Paulo Maluf, o candidato do Palácio do Planalto, já maculado pelo estigma de corrupto incorrigível. Da adesão dessa dissidência do PDS à candidatura de Tancredo, pelo PMDB, resultou a constituição da Frente Liberal, na esteira da qual José Sarney, que havia feito carreira como preposto da ditadura militar, acabou como candidato a vice-presidente. Com a doença e morte de Tancredo, Sarney tornou-se presidente, sendo sucedido por Fernando Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto, após o golpe militar de 1º de abril de 1964.

A vitória de Tancredo Neves no colégio eleitoral foi precedida por uma colossal mobilização popular e intensas articulações políticas de bastidores, nas quais tiveram papel vital os governadores, com poder para influenciar decisivamente a escolha dos delegados das Assembleias Legislativas. No Pará, por exemplo, o então governador Jader Barbalho, do PMDB, optou por defenestrar, do elenco de delegados indicados pela Alepa, a Assembleia Legislativa do Pará, os deputados identificados com o coronel Alacid Nunes, o ex-governador catapultado para o poder pela ditadura militar. Alacid rompera com o regime dos generais ao romper com o coronel Jarbas Passarinho, outra liderança revelada pelo golpe de 1964 no Pará, do qual tornou-se inimigo figadal. Com o rompimento, Alacid apoiou a candidatura ao governo de Jader Barbalho, do PMDB, eleito em 1982, a quem pretendeu tutelar politicamente, até ser descartado, como o aliado cujas ambições o  tornaram incômodo.

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