segunda-feira, 13 de abril de 2015

GREVE – Os professores e o cinismo de Jatene

Jatene: imobilismo potencializado por um cinismo de corar anêmico.

O cinismo levado ao paroxismo. É exatamente assim que pode ser definida a mais nova investida do governo Simão Jatene, na sua recorrente propaganda enganosa, que desta vez pontuou o nobre e caríssimo horário nobre de domingo, inclusive nos intervalos do Fantástico, a revista eletrônica da TV Globo, da qual é afiliada a TV Liberal, na tentativa de impingir o estigma da intolerância a greve dos professores da rede estadual de ensino do Pará. Greve, diga-se, que não decorre apenas da reivindicação por melhores salários, mas também por melhores condições de ensino, o que inclui a reforma de escolas, na capital e no interior, deterioradas pelo abandono de uma administração letárgica, engessada pelo mais despudorado patrimonialismo, de um governador de um fastio verminótico em relação as responsabilidades do cargo e extasiado diante das pompas e circunstâncias do poder, como é próprio dos deslumbrados. Cinicamente, Simão Jatene só se torna visível nos périplos internacionais, bancados pelos contribuintes e que nada acrescentam ao Pará, embora representem prazerosos tours para o governador e sua entourage, que agora inclui a primeira-filha, de soberba mediocridade. Mais cínicos que Simão Jatene, só Orly Bezerra e Antônio Natsu, os prósperos sócios na Griffo, a agência de publicidade que operacionaliza o estelionato midiático destinado a ludibriar a opinião pública, pavimentado por um escandaloso assalto ao erário.
Na fala do reino, feita por uma apresentadora de voz melíflua, com a doçura hipócrita tão cara a Simão Jatene, o governo, na inocultável intenção de manipular a opinião pública, se vale da meia verdade, pior que a mentira, porque obscurece os fatos, a pretexto de esclarecê-los. Trombeteia que paga o piso nacional do magistério, omitindo que o pagamento do retroativo deste se arrasta em ritmo lento e parcimonioso, em parcelas mensais que frequentemente soam a óbolos, como aquelas no valor de R$ 35,00. Com o agravante de hiatos inexplicáveis, como o que se deu após a reeleição de Simão Jatene, em outubro de 2014, depois da qual deixou de ser feito o pagamento do retroativo. O governo também omite o ardil que embute a tentativa de redução da carga horária, com a previsível redução da remuneração, cujo objetivo é escancarar a porteira para os temporários, tradicional massa de manobra dos inquilinos do poder, porque à mercê do humor dos inquilinos do poder. No arremate da falácia midiática, conclamando os professores a volta às aulas, alega por fim o governo, pela porta-voz das balelas oficiais, que hoje a remuneração mínima de um professor da rede estadual de ensino situa-se em R$ 3.962,00.
A má-fé do governo Simão Jatene evidencia-se, logo, na tentativa de limitar a pauta de reivindicações dos professores a melhores salários. Nenhuma palavra é dita sobre a cobrança da realização das prementes reformas das escolas da rede estadual de ensino, cuja deteriorização ilustra, de forma eloquente, a precarização da educação pública no Pará. A justificativa de que o governo só pode implementar reformas emergenciais nas escolas, em empreitadas sempre pontuais, porque depende da liberação de recursos pelo BID, o Banco Interamericano de Desenvolvimento, soa a deboche, em se tratando de governador que já teve quatro anos para lançar um olhar misericordioso para as precárias condições sob as quais funciona a rede estadual de ensino no Estado e que neste ano inicia seu segundo mandato consecutivo. Um governador que assiste passivamente uma escola ser despejada, por falta de pagamentos de aluguéis, como ocorreu com a Escola Estadual Tiradentes. Um governador cujo partido está no poder no Pará desde 1995, com o breve hiato correspondente ao mandato da ex-governadora petista Ana Júlia Carepa, de 2007 a 2010, tempo durante o qual Simão Jatene teve lugar privilegiado no proscênio político. Inicialmente como eminência parda nos dois mandatos do ex-governador Almir Gabriel, de 1995 a 2002, e depois como sucessor do seu patrono político tucano, de 2003 a 2006, para retornar como governador, a partir de 2011, favorecido pelo desastroso desempenho de Ana Júlia Carepa, e obter a reeleição em 2014, beneficiado pela fama de administrador inepto do peemedebista Helder Barbalho, atual ministro da Pesca do desgoverno da presidente petista Dilma Rousseff.

Conclui-se, disso tudo, que nem tempo e nem poder faltaram a Simão Jatene para investir minimamente em uma educação pública de qualidade, sem a qual qualquer projeto de desenvolvimento para o Pará soará ficcional, resvalando para as balelas vociferadas nos palanques eleitorais. O álibi de problemas de caixa ecoa fatalmente como farsa, a não ser que farsa seja o discurso oficial, jactando-se do aumento da arrecadação tributária. O que permite inferir, sem o risco de se ser injusto, que o que realmente falta ao governador tucano é determinação política em fazer da educação pública uma de suas prioridades. Tanto quanto falta-lhe, como evidenciam os fatos, vergonha na cara.

Um comentário :

Anônimo disse...

Precatórios: como fica o caso dos 22,45% devidos por Jatene ao funcionalismo público estadual?

Após 6 anos de tramitação de uma ação movida pela OAB Nacional contra a "PEC do Calote", finalmente o Supremo Tribunal Federal chegou a difícil e demorada decisão sobre as regras para o pagamento dos precatórios dos estados, municípios e da união.

Se depender da classe política corrupta - a mais abundante no Brasil - o assunto "pagamento de precatórios" é coisa que os chefes do poder executivo devem chutar com o bico do sapato para o dia de "São Nunca".

Se considerarmos a fortuna que é gasta em propaganda política com "Orly Bezerra e Antônio Natsu, os prósperos sócios na Griffo, a agência de publicidade que operacionaliza o estelionato midiático destinado a ludibriar a opinião pública, pavimentado por um escandaloso assalto ao erário", veríamos que Simão jatene mente ao tentar se passar por um governante sério, pois não paga a dívida com os servidores públicos porque não quer.

Se constatarmos o desperdício de dinheiro público com a criação de uma secretaria inútil, onerosa e desnecessária, apenas para brindar a filha com esta caríssima sinecura, é fácil desmascarar este farsante. Não paga o que deve aos servidores porque é canalha.

O cinismo de Simão Jatene só não é maior do que a má fé com que trata os servidores públicos, enganados desde Almir Gabriel. E o que dizer das canalhices cometidas contra os servidores da saúde pública? Será que ele tem coragem de desmentir em horário nobre na televisão?

Profissionais de saúde contratados pelo H. Metropolitano e do H. Galileu reclamam da exploração a que são submetidos, que inclui o salário mais baixo para um enfermeiro em toda a área metropolitana de Belém. A terceirização só foi boa para os que controlam os hospitais e para alguns médicos entrosados com esquemas de superfaturamento em procedimentos cirúrgicos.

Jatene tenta reduzir os 'quanta' individuais da GDI através de 'avaliações direcionadas' para atender o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho' que vem engendrando meios de repassar cada vez menos dinheiro para o pagamento da GDI, e assim poder investir pesadamente em uma campanha da reeleição da inércia, comadre da preguiça.

Cursinhos preparatórios espalham folders anunciando concursos públicos, enquanto que na moita, já estão sendo elaboradas as listas de contratações temporárias para substituir aqueles contratados há dois anos; com um detalhe: muitos terão assegurada a sua permanência nos hospitais devido aos laços familiares (nepotismo) e a utilização clandestina da verba da GDI.