segunda-feira, 20 de abril de 2015

FUTEBOL – A inércia policial diante da bandidagem

Dailson Farias, o Tuka, vítima da selvageria das torcidas organizadas.

Até quando? Esta é a pergunta que não quer calar, diante da barbárie promovida pelas torcidas organizadas do Remo e do Paysandu, na verdade gangues formadas a pretexto da paixão clubística, cuja brutalidade fez neste último sábado, 17, mais uma vítima - Dailson Silva Farias, o Tuka, como também era conhecido. Um pacato pai de família, ele foi brutalmente assassinato simplesmente por ser um torcedor apaixonado do Paysandu, cuja camisa envergava, o que fez dele alvo fácil de seus covardes algozes. Envergando a camisa do seu time de coração, ele retornava para casa, após o jogo no qual o Remo, arquirrival histórico do seu clube, derrotara o tradicional adversário, contra todas as expectativas, classificando-se para a decisão da Copa Verde. O torcedor bicolor foi morto com requintes de selvageria, a socos e pontapés, no rastro dos confrontos entre a Remoçada e a Terror Bicolor, duas das gangues travestidas de torcidas organizadas, cujos confrontos, após o término do clássico entre Remo e Paysandu, disseminaram o pânico nos bairros da Cabanagem, Transcoqueiro, Una, 40 Horas, Jaderlândia, Atalaia e Bengui, segundo relata o noticiário do Diário do Pará.
O que falta para a arapongagem da Polícia Militar se revelar uma única vez, ao menos, útil à sociedade que sustenta a corporação e rastrear os criminosos abrigados nas torcidas organizadas? Esta é uma necessidade premente, até porque Remoçada e Terror Bicolor foram formalmente proscritas dos estádios pela Justiça, a pedido do Ministério Público Estadual. Justiça a qual perduram desafiando impunemente e disseminando a selvageria que não escolhe vítimas e não poupa sequer pacatos torcedores, como Dailson Silva Farias, o Tuka. Ou será necessário que para reprimir esses quadrilheiros seja preciso, por conta de um trágico imponderável, despontar alguma vítima pertencente à classe média, ou classe média alta, ou que seja parente ou contraparente, ou mesmo amigo, de algum dos inquilinos do poder, ou de seus prepostos, ou familiar de algum policial?

A identificação dos envolvidos na morte de Dailson Silva Farias, o Tuka, não há de ser algo tão difícil para a polícia, implacavelmente determinada, quando é da sua conveniência. A identificação e punição, com todo o rigor da lei, dos assassinos de Tuka é algo que a polícia deve não só à família do torcedor brutalmente assassinado, mas a cada um de nós, contribuintes, que sustentamos, com o pagamento compulsório de tributos, o aparato policial. Para além da inépcia da cartolagem, em geral mais preocupada em se servir do que servir os nossos clubes de futebol, é certamente toda essa violência que contribui para o êxodo de expressiva parcela de torcedores dos nossos estádios, o que possivelmente agrava a penúria na qual vive hoje o futebol paraense. Penúria ilustrada pela situação de indigência exibida por Remo e Paysandu, clubes de torcidas apaixonadas, mas cuja capacidade de superação, diante das vicissitudes enfrentadas nos últimos anos, não pode, nem deve, ter por preço a própria vida.

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