domingo, 24 de agosto de 2014

GETÚLIO – A perplexidade da oposição

JK e Jango: a aliança entre PSD e PTB turbinada pela morte de Vargas.

        No plano político, as conseqüências do suicídio e da carta-testamento foram devastadoras. Tornada governo, com a posse de Café Filho na presidência da República, sob garantia das Forças Armadas, a oposição foi obrigada a recuar, diante da reação popular. “Na realidade, o trauma provocado pela morte do seu principal inimigo – mais do que inimigo, a ‘razão de ser’ de um partido fundado pelos que se lhe opunham – causou nos udenistas um sentimento ambíguo de depressão e euforia, fatais para uma ação política eficiente, no sentido de gerir os frutos da vitória”, assinala Maria Victoria de Mesquita Benevides em “A UDN e o udenismo – Ambigüidades do liberalismo brasileiro (1945-1965)”, livro que surgiu de uma tese de doutorado defendida pela autora na USP, a Universidade de São Paulo.

        “A sensação de desnorteamento, senão apatia, tornou-se evidente na campanha para as eleições legislativas de outubro de 1954, quando os líderes nacionais udenistas passaram a temer um certo tipo de reação popular, pela presença da ‘culpa’ lançada pelos getulistas”, salienta Maria Victoria de Mesquita Benevides. “A exploração da ‘carta-testamento’ conferia novo vigor ao getulismo (a aliança PSD-PTB seria a grande vitoriosa, um ano mais tarde) e do contraste com tal força carismática, surgia pálida a oposição udenista, traumatizada e perplexa.”

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