domingo, 24 de agosto de 2014

GETÚLIO – Os 60 anos da tragédia de 24 de agosto



        Neste 24 de agosto, quando transcorrem os 60 anos do suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, o Blog do Barata retoma o tema, já abordado quatro anos atrás, pela relevância do personagem na história do Brasil e pela conveniência de dele dar conhecimento, sem mitificações, às novas gerações. Para tanto resgato um trabalho anterior sobre o assunto, com alguns reparos e modificações, publicado em 2005 no Pauta Aberta, denominação sob a qual surgiu, naquele ano, o Blog do Barata.
        As postagens sustentam-se em alguns registros da memória e consultas à internet, para confirmar datas e pinçar fotos, e a livros que remetem ao período, além de “A Era Vargas” e “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”, links do CPDOC, o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação Getúlio Vargas, a respeitada instituição brasileira sem fins lucrativos, fundada em 1944 e que se dedica ao ensino e à pesquisa em ciências sociais. A isso se soma um artigo de Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja (edição nº 1843, de 3 de março de 2004), na qual o jornalista comenta a carta-testamento. Os livros que serviram de fonte para as postagens foram “De raposas e reformistas – PSD e a experiência democrática brasileira (1945-64)”, de Lucia Hippolito (Editora Paz e Terra); “A UDN e o udenismo – Ambigüidades do liberalismo brasileiro (1945-1965)”, de Maria Victoria de Mesquita Benevides (297 páginas, Editora Paz e Terra, de 1981); “O governo Kubitschek – Desenvolvimento econômico e estabilidade política (1956-1961)”, também de Maria Victoria de Mesquita Benevides (304 páginas, Editora Paz e Terra, de 1979); e “Samuel Wainer – Minha Razão de Viver – Autobiografia”, com organização e edição de textos do jornalista Augusto Nunes (368 páginas, Editora Planeta, edição de 2005).
        “Minha Razão de Viver” constitui-se, diga-se, em um capítulo à parte, e não só pela importância histórica de Samuel Wainer, um dos mais competentes jornalistas da história do jornalismo nacional, que revolucionou a imprensa brasileira, inclusive elevando o patamar salarial dos jornalistas, o que rendeu-lhe a hostilidade dos demais barões da comunicação da sua época. Editado primeiramente pela Record, em 1987, o livro foi posteriormente relançado pela Planeta, em uma nova edição, mais uma vez organizada pelo jornalista Augusto Nunes, porém contendo duas revelações omitidas na versão anterior por respeito a testemunhas que ainda estavam vivas, a pedido de Wainer, também notabilizado como um gentleman e um conquistador irresistível.

        A primeira revelação contida na edição da Editora Planeta de “Minha Razão de Viver” foi a verdadeira nacionalidade de Samuel Wainer, nascido na Bessarábia, então incorporada ao Império Russo, e não em São Paulo, uma balela sustentada durante anos e mantida no livro original. Na CPI instaurada em 1953 para investigar a contabilidade do jornal Última Hora - cuja linha era favorável a Vargas -, a oposição tentou provar que o jornalista não nascera no Brasil. Era proibido a estrangeiros comandar jornais no País e muitos amigos do jornalista coonestaram a fraude, para evitar que Wainer perdesse o diário. Outra novidade foi a revelação do nome do responsável pelo caixa dois no governo do ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964 - Caio Dias Batista, já então falecido. Wainer, recorde-se, figurou dentre os proscritos pela ditadura militar de 1964.

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