Segue
a transcrição, na íntegra, da entrevista ao UOL do deputado federal Paulo
Rocha, candidato a senador pelo PT do Pará, em matéria que também pode ser
acessada pelo link abaixo:
Absolvido no mensalão, petista é candidato no PA e espera decisão do TSE
Fernanda
Calgaro
Do UOL, em
Brasília
31/08/201406h00 > Atualizada 31/08/201406h00
Embora diga concordar com a Lei da Ficha Limpa, o ex-deputado federal
Paulo Rocha (PT), que renunciou ao mandato em 2005 para fugir da cassação após
o escândalo do mensalão petista, espera que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
não aplique a lei no seu caso e libere a sua candidatura ao Senado pelo Pará.
A lei, aprovada em 2010 e aplicada pela
primeira vez nas eleições de 2012, torna inelegível por oito anos o candidato
que abrir mão do mandato para evitar ser cassado.
No entanto, Rocha alega que a sua
renúncia se deu em 2005 -- portanto, antes de a lei entrar em vigor. Ele
argumenta ainda que, depois do episódio, já concorreu outras duas vezes, em
2006 e 2010, sendo eleito deputado federal em 2006.
"Fui elegível duas vezes depois.
Fui eleito deputado e cumpri os quatro anos de mandato. Em 2010, concorri ao
Senado e recebi 1,7 milhão de votos. Só não sou senador porque fiquei em
terceiro [naquelas eleições, estavam em disputa apenas duas vagas]", disse
em entrevista ao UOL.
O TRE-PA (Tribunal Regional Eleitoral do
Pará), no entanto, no final de julho, acolheu impugnação movida pelo Ministério
Público Eleitoral e um adversário de Rocha, Helenilson Pontes, candidato ao
Senado pelo PSD, e rejeitou o registro da sua candidatura, enquadrando-o na Lei
da Ficha Limpa. Rocha recorreu ao TSE e aguarda julgamento do seu recurso.
"Se na época cumpri todas as regras
[para renunciar], por que a lei tem que retroagir?", questionou.
"Pela coerência, espero que a Justiça faça justiça."
Apesar de não considerar justo virar
"ficha-suja", Rocha diz concordar com o propósito da Lei da Ficha
Limpa. "A vontade do legislador foi corrigir essas distorções dos
candidatos. Concordo com a lei em si. Não tenho nenhum problema com a lei, mas
a Constituição diz que nenhuma lei pode ser aplicada para trás."
Na época em que as denúncias do mensalão
vieram à tona, Rocha era líder do PT na Câmara dos Deputados. Ele foi acusado
do crime de lavagem de dinheiro por ter recebido R$ 820 mil do esquema, mas
acabou absolvido pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em um empate entre os
ministros (a lei prevê que, em caso de empate, o réu deve ser favorecido).
Indagado sobre o julgamento, Rocha
respondeu que o dinheiro era para pagar dívidas de campanha e nunca foi para a
compra de apoio parlamentar no primeiro governo Lula (2003-2006), conforme
entendeu a maioria dos ministros.
"Não teve nada disso, era dinheiro
de campanha. Eu fui fundador do PT, líder do partido no governo Lula. Acha que
eu precisava de dinheiro por fora [para conseguir aprovar projetos]?",
indagou.
Diante da insistência da reportagem para
saber se tinha ficado satisfeito com o resultado do julgamento, Rocha se
alterou e partiu para o ataque. "Você não está sendo mais repórter agora,
está sendo inquisidora, não está mais sendo repórter. Nestes últimos anos, esse
é um assunto que já foi falado. Você está sendo inquisidora."
Em seguida, a ligação telefônica caiu e
a reportagem não conseguiu mais falar com o ex-deputado.
Segundo pesquisa Ibope divulgada em 16
de agosto, Rocha tem 16% das intenções de voto e segue tecnicamente empatado
com outros três candidatos: Mario Couto (PSDB), com 16%, Duciomar Costa (PTB),
com 14%, e Jefferson Lima (PP), com 13%. A margem de erro é de três pontos para
mais ou para menos.
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