terça-feira, 29 de julho de 2014

SUS – Desdém ignominioso com paciente



        Chega ao limite do escárnio o desdém pelos pacientes no SUS, o Sistema Único de Saúde.
        Na semana passada, por exemplo, uma mãe de família, que ganha a vida como diarista, levou ao posto de saúde de Benevides o marido, um sexagenário doente e que sobrevive com uma minguada aposentadoria equivalente ao salário mínimo – atualmente no valor de R$ 724,00. O homem apresenta-se inchado e reclama de dor no estômago
        Após atender o paciente, o médico diagnosticou uma suposta gastrite e solicitou, além de seis exames laboratoriais, a realização de uma endoscopia. Até aí tudo muito bom, tudo muito bem. O pior viria no arremate da consulta.
        Ao fazer a solicitação dos exames, o médico simplesmente deixou o casal aparvalhado. Ele advertiu o paciente e a mulher deste de que pelo SUS os exames só poderiam ser realizados em setembro. E sugeriu que os mesmos fossem feitos particularmente.
        Preocupada com a situação do marido, com 65 anos e a saúde fragilizada após um acidente de trabalho, que inclusive precipitou a aposentadoria do sexagenário, a diarista dirigiu-se ao laboratório Clinlab, em Benfica, localidade de Benevides. No laboratório, a mulher do paciente ficou previsivelmente atônita: o custo da batelada de exames, se feitos particularmente, chega a R$ 189,00.
        Detalhe: somado o que marido e mulher ganham, a renda do casal mal chega a dois salários mínimos. E o casal cria um filho adotivo, ainda adolescente e atrás de emprego, e uma neta de cinco anos. O filho mais velho, que é casado e mora com a esposa, professora, embolsa mensalmente um salário mínimo. E a filha, casada e residindo em Icoaraci, encontra-se desempregada.

        “Como não podemos adiar os exames, vamos ter que amarrar o estômago””, desabafa, obviamente desolada, a mulher do aposentado.

Um comentário :

Anônimo disse...

Tem laboratório de análises clínicas conveniado ao SUS em Belém que diz ao usuário na hora do atendimento: "a outra parte do exame (ex: o PSA Livre) não é coberta pelo SUS", e acrescenta: "se você der 30 reais por fora sai completo" (PSA Total + PSA Livre + Relação Livre/Total... "e mais rápido". Como o valor diagnóstico do exame é ele estar completo, o SUS se transformou numa espécie de "meio-a-meio" dos laboratórios.