terça-feira, 20 de maio de 2014

MPE – O dilema de um homem digno

        Diante do trem da alegria, que embute a criação de 185 cargos comissionados, o procurador de Justiça Nelson Medrado viu-se diante de um doloroso dilema, ao ser compelido a optar entre uma questão de princípios e a amizade pessoal com o Marcos Antônio Ferreira das Neves, o procurador-geral de Justiça. A serviço do qual Medrado colocou sua reconhecida competência e probidade, e pelo qual vem sendo prestigiado. Para além disso, com a discrição que lhe é própria, Medrado foi um ilustre eleitor de Neves, capitalizando votos para o atual procurador-geral, na disputa deste com a procuradora de Justiça Ubiragilda Silva Pimentel. Gilda, como também é conhecida Ubiragilda, mantém notórios vínculos com o ex-procurador-geral de Justiça Manoel Santino do Nascimento Júnior, ícone da vanguarda do atraso que engessa o MPE, ao atrelá-lo ao Executivo estadual, na esteira de conveniências escusas. Uma postura interiorizada por Neves, na contramão do seu discurso de campanha.

        Seja como for, Medrado, sem abdicar da lealdade pessoal e profissional em relação a Neves, não abriu mão de princípios e votou contra a proposta do procurador-geral que cria 185 cargos comissionados, tradicionalmente sinônimos de sinecuras, inclusive no Ministério Público Estadual. No plano estritamente técnico, ele ainda contribuiu para a definição de atribuições dos novos cargos comissionados. De resto, Medrado defendeu a criação de cargos efetivos, preenchidos mediante concurso público. O que exige coragem moral, considerando o corporativismo que medra com vigor na instituição e toma como vilania o legítimo direito de se tirar a limpo os atos das autoridades públicas.

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