quinta-feira, 17 de abril de 2014

PARÁ – Do golpe de 1964 a 2014

        Do ponto de vista sócio-econômico, qual o legado da ditadura militar em termos do Pará? Em matéria de desenvolvimento, o estado avançou ou permaneceu patinando no subdesenvolvimento, nos 21 anos do regime dos generais? Por que as lideranças que emergiram no rastro do regime dos generais não conseguiram traduzir em benefícios para o estado o prestígio que eventualmente ostentaram junto ao Palácio do Planalto? E por que as lideranças surgidas com a redemocratização também não conseguiram carrear para o Pará benefícios que o estado reclama?
        Para os paraenses, estas são perguntas que não querem calar e soam tanto mais pertinentes diante da passagem dos 50 anos do golpe de 1º de abril de 1964, que desembocou na ditadura militar. Especialmente depois que a jornalista Miriam Leitão, no Bom Dia Brasil, da TV Globo, esfarinhou a mística corrente, ao revelar que ditadura militar não foi período dos anos de ouro, mas teve inflação de até 300% e deixou o país quebrado e com enorme dívida externa. “Militares deixaram uma herança maldita”, fulminou a jornalista. “Que a ditadura militar desrespeitou direitos humanos todos já sabem, mas há quem diga que foram os anos de ouro da economia. Isso é conversa fiada, não foi nada assim. Ficou essa impressão por causa do período do milagre, que o país cresceu muito, mas foi concentrando renda e arroxando o salário dos trabalhadores. O mais importante é o legado”, acrescentou.

        Miriam Leitão recordou que a ditadura militar foi implantada com o pretexto econômico de que a inflação tinha chegado a 80% ao ano, mas os militares entregaram em 300% ao ano e criaram um mecanismo que virou um veneno e levou esta inflação a ser difícil de ser debelada, porque era a correção monetária. A jornalista acentuou que a inflação se reproduzia e só a democracia conseguiu resolver este problema e levar a inflação para um dígito depois de 10 anos de luta. “Além disso, a ditadura deixou o país quebrado, com a dívida externa enorme e com uma bagunça na área fiscal”, assinalou. “A herança que os militares deixaram para a democracia resolver, inclusive a dívida externa que foi negociada e paga nos governos democráticos, tudo isso pode chamar de herança maldita. Eles deixaram uma grande desordem nas contas públicas, na dívida externa e na inflação descontrolada e indexada”, arrematou.

2 comentários :

Anônimo disse...

Concordo plenamente com a mirian,não basta ir longe, é só lembrar do governo Sarney, já no início do processo de redemocratização. Uma inflação absurda,onde os produtos nos supermercados anoiteciam com um preço e amanheciam com outro.Quem tinha dinheiro e aplica no orver night e podia fazer estoque se deu bem. E quem tinha dinheiro!!!!! Agora o pior foi o legado da censura e da repressão. Esse está presente ainda, velado e ameaçando a todos. Nas instituições públicas, nas escolas,nas ruas em casa. Fazer uma crítica, discordar de um político ou um gestor é colar a corda no próprio pescoço.Por isso estou escrevendo como anônimo.

Anônimo disse...

10:30, a remarcação de preços acontecia toda hora e não esperavam amanhecer para remarcar. Era comum ver empregados dos supermercados com a maquinhinha na mão remarcando os preços enquanto fazíamos as compras.