quarta-feira, 20 de novembro de 2013

DIÁRIO – O déjà-vu da molecagem

Centeno: digno sucessor da truculência do patriarca dos Barbalho.

        A vil tentativa de humilhar os jornalistas demitidos, por parte dos Barbalho, resgata a molecagem que se imaginava sepultada com o patriarca da família, Laércio Barbalho, um tipo intelectualmente chucro e incorrigivelmente truculento, de parcos escrúpulos. Originário do baixo escalão do baratismo, a tendência política que floresceu a partir da liderança do ex-governador Magalhães Barata, o pai do senador Jader Barbalho teve os seus direitos políticos cassados – por corrupção – na esteira do golpe militar de 1º de abril de 1964. Ele ganhou notoriedade com a ascensão política do ilustre filho, eleito governador do Pará, pelo voto direto, nas eleições de 1982. Até então contava, para subsistir, com a ajuda quinzenal oferecida pelo empresário e jornalista Romulo Maiorana aos remanescentes do baratismo, a vertente política alimentada pelo jogo do bicho e pelo contrabando, este a matriz da prosperidade do patriarca dos Maiorana.
        O Diário do Pará, o jornal dos Barbalho, ganhou novos contornos com a ascensão de Jader Filho, até superar seu concorrente direto, O Liberal, o principal jornal do grupo de comunicação da família Maiorana, inimiga figadal do senador Jader Barbalho. Até aqui as tentativas de profissionalização do Diário do Pará esbarraram nas conveniências políticas da família e, em particular, do senador Jader Barbalho e do seu pretenso herdeiro político, Helder Barbalho. Ex-deputado estadual e ex-prefeito de Ananindeua, apontado como o candidato a governador, pelo PMDB, na sucessão estadual de 2014, Helder, assim como Jader Filho, é filho de Jader do casamento deste com dona Elcione Barbalho, deputada federal pelo PMDB.
        Não só pelo próprio perfil de Jader Filho, habitualmente um interlocutor afável e que costuma honrar o eventualmente acordado, mas também pelas pretensões políticas de Helder, a expectativa era de que o Diário do Pará viesse a superar, ou pelo menos aplacar, as mazelas decorrentes do amadorismo em que patinou, enquanto teve no comando Laércio Barbalho. Surpreendente, porém, constata-se que perdura não só o desdém diante das responsabilidades sociais do jornal, mas também, o que é pior, o menosprezo em relação as precárias condições de trabalho sob as quais são mantidos os jornalistas do grupo RBA, Rede Brasil Amazônia de Comunicação.

        A vil retaliação imposta pelos Barbalho, aos que participaram da greve dos jornalistas do Diário do Pará e do DOL, sugere que Laércio Barbalho teve em Camilo Centeno, o diretor-geral do grupo RBA, um digno sucessor em matéria de arrogância e truculência. Sobrinho e ex-cunhado de Jader Barbalho, que já foi casado com sua irmã, dona Márcia Centeno Barbalho, Centeno ascendeu, social e profissionalmente, na esteira da subserviência ao morubixaba do PMDB no Pará. O que não é pouco, diga-se, para quem, até então, era apenas e tão-somente um obscuro engenheiro, até ganhar o status de áulico-mor do tio que já foi também cunhado, em uma ascensão pontuada pelo arrivismo e o natural desapreço pela decência, nas relações trabalhistas, como é próprio de qualquer feitor.

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