segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SERRA PELADA – Pilhagem e balelas da Colossus

Carvalho: contra a pilhagem.

        “A Colossus, que com o seu poder econômico monopoliza o noticiário na imprensa, tenta passar a ideia de que ela é a verdadeira ‘dona’ da Reserva Mineral de Serra Pelada e que os garimpeiros não passam de nocivos posseiros invasores, que reagem à implantação do ‘seu’ projeto e, com isso, atravancam o progresso do Estado do Pará. É essa falácia que tem prevalecido, e os garimpeiros não conseguem ser ouvidos pelas autoridades do Pará. Se é no Poder Judiciário, não se consegue estabelecer um mínino de contraditório, pois a Colossus, com suas petições mentirosas, consegue sucessivas e absurdas liminares no primeiro grau, sempre sem ouvir a outra parte, proibindo os representantes da outra sócia, a Coomigasp, de chegar ao canteiro da mina. A Polícia Militar, por ordem do secretário de Segurança do Estado, faz pior: está lá no local para rechaçar à bala esses humildes garimpeiros, que ali tentam comparecer na condição de legítimos sócios do empreendimento. Um absurdo total.”
        O desabafo é de Daniel Carvalho, presidente da Associação de Defesa do Patrimônio dos Garimpeiros Sócios da Coomigasp, a Cooperativa de Mineração de Garimpeiros de Serra Pelada, ao denunciar que a Colossus, uma mineradora canadense, está usurpando o direito dos garimpeiros. A denúncia figura em correspondência enviada à desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento, presidente do TJ do Pará, o Tribunal de Justiça do Estado, datada de 7 de setembro último, 13 dias após os incidentes registrados em 25 de agosto passado, em Serra Pelada, Curionópolis (PA). Na ocasião, segundo revela Carvalho, a Polícia Militar, sob o comando do coronel. Silveira, impediu o acesso dos garimpeiros sócios da Coomigasp ao canteiro de obras da SPCDM, a Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral, empresa hoje detentora da portaria de lavra da reserva mineral de Serra Pelada. “Na ação empreendida pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, por encomenda particular da Colossus Minerals Inc, também sócia da SPCDM, a Polícia Militar usou bombas de grande efeito lesivo às pessoas e balas de borracha, bem como balas letais de grosso calibre, resultando em 25 garimpeiros feridos, quase todos idosos e de saúde frágil, todos trabalhadores remanescentes do célebre garimpo de Serra Pelada”, acrescenta Carvalho.

        O relato de Carvalho é contundente. Ele conta que no dia seguinte ao da repressão aos garimpeiros – “quase todos idosos e de saúde frágil, todos trabalhadores remanescentes do célebre garimpo de Serra Pelada” - a Colossus Minerals Inc emitiu nota oficial para agradecer às “autoridades” do Pará, informando que “a empresa tomou as medidas preventivas adequadas com as autoridades brasileiras” e que “forças públicas implantadas impediram a tentativa do protesto de alcançar os portões da mina”. “A nota, na verdade, serviu para deixar claro que a Polícia Militar lá esteve para prestar serviço de segurança à Colossus, uma das acionistas da SPCDM, esta, sim, a empresa titular do direito mineral e executora do projeto. Fica claro, portanto, que a Colossus não é dona exclusiva do empreendimento, mas que, numa brutal distorção do direito e dos fatos, tomou para si sozinha o controle e o comando do negócio, verdadeira usurpação, contando para isso com a ajuda indevida de algumas ‘autoridades’ do Pará”, assinala o presidente da Associação de Defesa do Patrimônio dos Garimpeiros Sócios da Coomigasp.

Nenhum comentário :