quinta-feira, 22 de agosto de 2013

INIQUIDADE – Imprudência, denominador comum

        Tudo leva a crer que Ana Paula Freitas Torres e Jorge Luiz Silva Fernandes foram movidos pela imprudência, possivelmente potencializada pela prepotência. Dela, da qual de concreto se sabe apenas ser “servidora pública”, especula-se que seria funcionária do Tribunal de Justiça, ou parente de alguma cabeça coroada do TJ, ironicamente o templo da arrogância e do menosprezo a lei. Sobre Jorge Luiz é difícil imaginar que possa diferir da maioria dos motoristas de ônibus, invariavelmente imprudentes e igualmente arrogantes, apenas com variações de grau, mas não de nível. Até porque a indiferença patronal, diante das estressantes condições de trabalho, contribuem para tanto
        Seja como for, Ana Paula e Jorge Luiz se nivelaram na imprudência. A “servidora pública” poderia, perfeitamente, ter anotado a placa do ônibus e feito um BO, o Boletim de Ocorrência, para instruir uma subseqüente ação judicial. O motorista do ônibus, por sua vez, poderia ter sido mais comedido, diante da imprudência da motorista do veículo que claramente tentava forçá-lo a parar. Da intolerância de ambos – de ambos, repita-se! – resultou a tragédia que resultou na morte de João Nascimento de Souza, de 77 anos, e deixou em estado grave o filho do idoso, Valter Nascimento, cuja família ficou privada do sustento que ele garantia.

        Ao fim e ao cabo, nos deparamos com algo assustador. Para beneficiar Ana Paula Freitas Torres mandou-se os princípios às favas. O que nos remete a uma sábia advertência de Reinaldo Azevedo, o festejado jornalista e blogueiro da revista Veja: Se hoje, porque somos bons, admitimos que se pode transgredir a lei para pegar os ‘maus’, um dia os ‘maus’ recorrerão a tal expediente para nos punir — nós, os bons! — sem que possamos nem mesmo protestar, já que uma mesma (a)moralidade nos une, ainda que em campos opostos.”

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