quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

ALMIR GABRIEL – A solidão do ocaso


       
 “O diabo é que isso não é lisonja. São conselheiros que,
com muita sensibilidade, me persuadiram do que eu sou.”

Shakespeare

        Sabe-se, até porque a máxima latina não nos deixa esquecer jamais, que dos mortos só se fala para dizer o bem. Mas em se tratando do ex-governador Almir José de Oliveira Gabriel, que morreu aos 80 anos, no início da manhã do último dia 19 de fevereiro, é impossível ficar silente ou engessado pelos obituários burocráticos, tradicionalmente inodoros. Tanto mais porque, politicamente, seu nome ficou indelevelmente associado ao massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido a 17 de abril de 1996, no qual foram barbaramente mortos 19 sem-terra, pela Polícia Militar, em uma operação desastrada, para cuja imprudência contribuiu a postura autoritária de Almir, que ironicamente tinha como hobby cultivar orquídeas. Na ocasião, ele cobrou, em tom peremptório, a desobstrução da rodovia BR-155, que liga Belém ao sul do Pará. Naquela altura, 1.500 sem-terra, que estavam acampados na região, decidiram fazer uma marcha em protesto contra a demora da desapropriação de terras, principalmente as da Fazenda Macaxeira. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga Belém, a capital do Pará, ao sul do Estado.
        Sob uma perspectiva histórica e pela complexidade do perfil do personagem, ao mesmo tempo protagonista e testemunha privilegiada da história recente do Pará, o ex-governador, até em respeito ao seu status de personalidade pública, merece mais, muito mais, do que um protocolar registro fúnebre, ou um obituário condimentado com omissões intencionais, que mais confundem do que esclarecem. Trata-se de um cuidado necessário porque Almir Gabriel, que parece ter interiorizado como fato a relevância que lhe foi conferida pelos áulicos, menos por convicção e mais pela compulsão em regar o ego dos poderosos de plantão, habilitando-se, em troca, às benesses do poder. Não por acaso, o ex-governador amargou, no seu fim, a solidão do ocaso.

12 comentários :

Anônimo disse...

Oi Barata parabens pela postagem e quem sabe voce foi o que melhor retratou o perfil de Almir Gabriel. Mas quero lembrar apenas da epoca em que ele era o todo poderoso Governador do Estado e da legi§ao de puxa sacos principalmente os empolgados prefeitos do interior. em Paragominas era uma puxaçao de saco maior do mundo era dr almir pra ca e pra la. Até a praça do Parque de exposiçao era Almir Gabriel. Depois que o Dr Almir perdeu a eleição e rompeu com o tucanato os mesmos que puxavam o saco viraram-lhe as costas. Esse mundo do poder é mesmo sujo e podre.

FREDERICO disse...

O Almir Gabriel, já está mandando buscar o JATENE?

Alan Wantuir disse...

Acho que era PA-150 companheiro blogueiro!

Anônimo disse...

E o que foi feito pelo filho do Almir, como última homenagem, de botar uma carteirta de cigarros no bolso do pai morto, eu considero uma tremenda ignorância!!!

Pedro Silva disse...

O Hélio Gueiros vai pegar o Almir Gabriel, porque ele nunca cumpriu acordos políticos.
Quando o Dr. Hélio Gueiros, tirou o Amir da lixeira ( O Rato fujão, Lembra?)e apresentou com Governador e o Hélinho como Vice Governador, era para cada um passar dois anos no poder e o Almir como sempre, esqueceu de tudo e ficou aquela confusão toda, ele Almir pagou os maiogranas e no Liberal tudo era a favor dele ( Almir Gabriel )

Anônimo disse...

Barata;

Escrever sobre Almir Gabriel é uma coisa que varia muito do lado em que se estava naquela época; e isto só se percebe após alguma reflexão.

Milhares de servidores públicos foram distratados (pelo defeito de terem sido contratados no tempo de Jáder e Hélio); para logo a seguir outros milhares serem politiqueiramente contratados pelo PSDB e DEM. Uns falam mal, outros bem.

Dos servidores públicos não distratados, diga-se que foram mantidos a léguas de distância da expectativa de reclamarem a abrupta perda de vantagens e direitos, de reposições salariais minimamente reparadoras das perdas com a inflação. Provém da era Almir Gabriel a diferença de 22,45% entre pessoal civil e militar, que o Jatene até hoje faz cara de sarcasmo prá dizer que ninguém vai receber o retroativo ganho na justiça.

Enquanto terminava obras, começava outras e ungia empreiteiros com contratos generosíssimos, Almir massacrava os indesejáveis - e os Sem-terra e os servidores públicos eram dois desses. Enquanto enchia os bolsos dos Maiorana com verbas de publicidade imorais; Almir submeteu os servidores públicos a um processo de empobrecimento, que só não foi pior que a humilhação de serem reprimidos por tiranetes como a Sandra Alencar, que ao mesmo tempo em que mandava dentista usar uma luva por dia para economizar; que acabou até o álcool das unidades de saúde, que não comprava nem papel higiênico para os banheiros (os servidores se cotizavam e faziam isso); mas distribuia dinheiro para cabos eleitorais encarregados de arranjar votos para se eleger deputada.

Mantive por algum tempo duas caixas de rojhões para soltar no dia da morte deste carrasco; infelizmente compromissos profissionais me impediram de queimar os fogos neste dia. Mas não de dizer a todos que eu conheço, que só lamento que este senhor não tenha purgado um ostracismo político mais longo, que não tenha avançado até os noventa sujando as calças.

Anônimo disse...

Barata;

Eu nem sonhava em me tornar servidor público estadual, quando o Liberal publicou uma carta escrita por uma servidora da SESPA na qual ela advertia o então governador Jáder Barbalho do perigo de nomear o Dr. Almir Gabriel como prefeito de Belém. Como eu gostaria de ter a cópia desta edição para reler esta carta e, quem sabe enviá-la ao próprio Jáder Barbalho 30 anos depois. Que se diga de passagem, a carta só foi publicada por que na época o Liberal já não se afinava com o JB. Detalhe: todas as previsões se cumpriram e a serpente bajuladora acabou picando venenosamente quem a acolheu. Coisas do instinto.

Anônimo disse...

Frederico, é preciso distinguir um sapo mais ou menos lubrificado e um sapo enrolado em arame farpado. O cara-de-rato passou direto pro inferno, o Jatene até agora ainda tem uma chance de ficar na fronteira do purgatório com o inferno.

Anônimo disse...

Barata, alguém sabe me dizer como está a questão dos milhões e milhões desviados no governo passado que em 4 anos não fez uma obra que prestasse e que mesmo discordando e atrapalhando o atual governo ainda deixou ramificações em algumas secretarias? Pois é, se o Governador que merece ir para o inferno tivesse feito realmente caça as bruxas e EXONERADO toda essa corja, talvez não tivesse sendo boicotado dentro do seu próprio governo que eles criticam mas não entregam seus DAS e cargos a disposição das pessoas que realmente contribuiram para que o Governador fosse eleito!

Anônimo disse...

Eu gosto de gordinho e o atual governador é o meu tipo preferido.
O Almir parece que vem mesmo buscar o Jatene

Unknown disse...

somente hoje descobri este maravilhoso blog.
mas gostaria de dizer que o desenho aponta para a direção errada, é para baixo, para o fundo.... o que eu lamento é que para onde foi, o malevolo dr almir, ainda assim nao vai ter consciencia do que fez ao povo com a venda da CELPA, lá onde está nao precisa pagar a conta de luz, ele está totalmente iluminado pelas labaredas naturais do ambiente.

Unknown disse...

somente hoje descobri este maravilhoso blog.
mas gostaria de dizer que o desenho aponta para a direção errada, é para baixo, para o fundo.... o que eu lamento é que para onde foi, o malevolo dr almir, ainda assim nao vai ter consciencia do que fez ao povo com a venda da CELPA, lá onde está nao precisa pagar a conta de luz, ele está totalmente iluminado pelas labaredas naturais do ambiente.