segunda-feira, 5 de novembro de 2012

GUERRA SUJA – Quando o passado condena

        Reminiscência envolvendo o passado do pai são motivo de desassossego para os herdeiros de Romulo Maiorana, devido a inevitável associação ao contrabando. Antes de tornar-se empresário da comunicação, ao comprar e fazer prosperar O Liberal, ele foi um bem-sucedido lojista, proprietário de uma cadeia de lojas de confecção, a RM Modas. Mesmo nessa época, de acordo com recorrentes testemunhos, Romulo não abdicou de suas atividades como contrabandista, até por força da austeridade ensandecida dos novos donos do poder, que ascenderam com o golpe militar de 1º de abril de 1964. Austeridade sepultada com o decorrer dos anos, como inevitavelmente ocorre em regimes de exceção.
        Esse passado foi fonte de eventuais constrangimentos para o próprio Romulo. Quando desembarcou em Belém para comandar a 8ª Região Militar, no início dos anos 70 do século passado, nos anos de chumbo da ditadura militar, o general José Ferraz da Rocha, um militar extremamente austero e rigoroso, advertiu que não admitiria ser fotografado ao lado do empresário da comunicação, em virtude de sua vida pregressa. Já incensado como um todo-poderoso, Romulo, ao que consta, ficou deprimido com o interdito proibitório. Ele também amargou outro constrangedor veto, ao se ver impedido de colocar logo em seu nome a concessão da TV Liberal, porque setores do regime militar faziam severas restrições ao seu passado como contrabandista, conforme revelação do jornalista Lúcio Flávio Pinto.
        Célebre pela sagacidade e também sedutor, quando assim queria ser, no âmbito restrito de Belém Romulo às vezes revelava-se desagradavelmente arrogante. Quando o restaurante Lá em Casa funcionava nos porões de um belo casarão na avenida Governador José Malcher, na altura da avenida Almirante Wandenkolk, inauguraram o Pub, um ambiente pequeno, mas acolhedor, climatizado, anexo ao restaurante de dona Ana Maria Martins e de Paulo Martins, seu filho. Em certa ocasião, relatam testemunhas do episódio, Romulo desembarcou no Pub, com dona Déa e outros casais amigos. Ao ser servido o filé que pedira, ele achou que estaria frio e reclamou grosseiramente. Dona Déa tratou de experimentar o filé, que supostamente não estaria no ponto. “Romulo, acaba com isso; não tem nada de errado!”, admoestou a esposa do jornalista e empresário, com aquela ascendência feminina que só a intimidade da alcova confere.

2 comentários :

Anônimo disse...

“Romulo, acaba com isso, não tem nada de errado!”, admoestou a esposa do jornalista e empresário, com aquela ascendência feminina que só a intimidade da alcova confere"

aiii, ESSA DOEU EM MIM...UHAUHAUHAUHA


PArabéns Barata! Seu jornalismo é digno de heróis da resistência.

Vc é um ANONYMOUS, sem ser anônimo!

Parabpéns!

Anônimo disse...

Sobre essa RM Modas, que o diga o Sabino Angelica, que até colocou o nome de seu filho mais velho, de Rômulo. Tudo pela grande amizade que nutria pelo Velho Rômulo. Também conheço muuuiito.....