terça-feira, 24 de abril de 2012

OAB – A crise voltou

        Quando ainda senador, Fernando Henrique Cardoso cunhou um chiste célebre, que acabou incorporado ao folclore político brasileiro, ao ironizar o desastroso e turbulento governo José Sarney. Diante de uma das viagens internacionais do então presidente Sarney, que com isso alimentava a vã ambição de ganhar porte de estadista, FHC, impiedosamente irônico, disparou: “A crise viajou!”
        A lembrança vem a propósito do retorno de Jarbas Vasconcelos do Carmo (foto, à esq., com Alberto Campos), o do Carmo, ao cargo de presidente da seccional do Pará da OAB, a Ordem dos Advogados do Brasil, juntamente com o secretário geral, Alberto Campos, este seu fiel escudeiro. Do Carmo e Campos foram afastados em consequência de um episódio traumático, sem precedentes na história da OAB, que foi a intervenção na seccional do Pará, por decisão do Conselho Federal, por 22 votos a quatro. Ambos foram afastados no rastro das suspeitas de falcatruas, envolvendo diretamente do Carmo e suscitada pela venda de um terreno doado à subseção de Altamira, pela prefeitura do município, e que seria adquirido - em uma nebulosa transação, costurada à margem da legalidade - por R$ 301 mil, por Robério Abdon D’Oliveira, conselheiro e amigo pessoal de do Carmo. O imbróglio ganhou tinturas grotescas diante da falsificação da assinatura do vice-presidente da OAB Pará, Evaldo Pinto, por ele próprio denunciada, o que acabou por abortar a venda do imóvel, por decisão do conselho seccional. A crise de credibilidade na qual submergiram do Carmo e Campos, seu fiel escudeiro, levou 23 dos 34 conselheiros, a se licenciarem, nesse elenco figurando três dos cinco diretores.
        Como perdura incólume a causa imediata da intervenção – a falta de credibilidade de do Carmo e Campos – é inevitável inferir que, juntamente com eles, voltou a crise que tisnou no Pará o prestígio da OAB. Em realidade, o retorno dos dois ao proscênio soa a motivações menores, que florescem na esteira de um corporativismo em tudo e por tudo deletério, porque prioriza conveniências meramente políticas em detrimento do zelo pela boa imagem da OAB no Pará. Em do Carmo e Campos falece autoridade moral para cobrar probidade e ética de quem quer que seja, diante das circunstâncias que levaram à intervenção. Convém recordar que teve um efeito devastador, para do Carmo, o silêncio de Robério Abdon D’Oliveira, o conselheiro que compraria o terreno cuja venda acabou abortada, diante da pergunta que não quer calar. Na reunião do conselho seccional, para debater o imbróglio, dois ex-presidentes da OAB Pará, Sérgio Couto e Angela Sales, esta avalista eleitoral da candidatura de do Carmo, indagaram mais de uma vez a Robério Abdon D’Oliveira, sem obter resposta, se ele abriria mão do seu sigilo bancário. A indagação traduziu, subliminarmente, a suspeita suscitada pela transação abortada, de que Robério Abdon D’Oliveira serviria, em verdade, de laranja para Jarbas Vasconcelos do Carmo, o do Carmo. Setores da OAB suspeitam que o real comprador do terreno seria o próprio Jarbas Vasconcelos do Carmo, valendo-se, para tanto, de Robério Abdon D’Oliveira. Nada mais emblemático, diga-se, da falta de credibilidade de do Carmo, hoje politicamente um cadáver ambulante, refém de uma vaidade patológica, alimentada pela prosperidade, obtida não como corolário da competência profissional, mas por conta do imponderável da vida, o que certamente explica o deslumbramento próprio do novo rico.

13 comentários :

Anônimo disse...

A intervenção não serviu para nada,não apurou nada e deixou a impressão de que o grande malfeito de Jarbas foi bater de frente com o cacique do PMDB.

Anônimo disse...

Meu caro Barata. Infelizmente não posso concordar desta vez com você. Esta intervenção foi sim muito desastrosa para a OAB.A causa maior nem foi concretizada, isto é, a venda do terreno. Portanto n não havia motivo de intervenção. Na realidade quem mais se prejudicou foi o Ophir, pois eu nunca imaginei que ele era um tamanho salafrário, e afirmo isso porque sua vida foi desnudada no Brasil todo,com provas concretas de que ele mantinha seus empregos e ganhava altos salários de forma muito nebulosa. Quanto ao Jarbas, nada se comprovou contra ele. Inclusive o interventor Busato não o culpou de nada em seu relatório. Jarbas foi eleito democraticamente por sua classe. Infelizmente algumas pessoas fizerem um levante e deu no que deu. Ophir ficou mais sujo do que pau de galinheiro e Jarbas voltou ao seu lugar de onde nunca deveria ter saído.

Anônimo disse...

Barata, desde que o PT entrou na OAB, a lama se espalhou por lá. Jarbas voltou, mas sem nenhuma moral e credibilidade. A maioria dos advogados tem horror a ele. FORA JARBAS!

Anônimo disse...

Infelizmente os advogados terão que engolir essa dupla de enganadores. Que moral eles terão para cobrar algo de alguém, ainda mais de Juízes e políticos! A OAB-PA está de luto!

Anônimo disse...

BARATA, quem leu o Relatório do interventor, viu que Jarbas e Alberto pagaram uma passagem para Miami e Washington para uma estudante de Direito que nenhuma relação tinha com a OAB!!! Ela era somente a namorada do filho do Alberto Campos, o qual foi sorteado pelo CESUPA para ir na tal viagem. Pergunta a tuas fontes na OAB-PA... O sogro e o Jarbas, ou melhor, a OAB, pagaram tudo!!!!

Anônimo disse...

Quem tem razão é o CADMO, no artigo que ele escreveu e que voltaste a publicar! Aliás, não entendi esse teu silêncio sobre a OAB todo esse tempo. Mas parabéns por voltar a tratar do assunto!

Anônimo disse...

O primeiro anônimo insiste em tripudiar sobre a inteligência dos advogados paraenses. Os advogados quiseram a intervenção porque era necessária para tirar a OAB da crise. Agora a crise voltou, como bem disse o Barata...

Anônimo disse...

Quanto atacam o Jader o "jornalista investigativo" barata utiliza-se da maior parcialidade para agredir o ofensor. Barata, nao engana ninguem tu és do grupo do Jader. E te desafio a publicar essa postagem.

Anônimo disse...

É isso aí Jarbas, não vamos esmorecer na luta contra a corrupção e a máfia togada. Eles são poderosos, mas a população está contigo. Força.

Anônimo disse...

Bom dia Barata,

Sou seu leitor contumaz e aprecio muito sua luta incansável contra todo e qualquer malfeito de bandidos, corruptos, políticos e também gestores de qualquer entidade, mas tenho sérias e muitas dúvidas sobre a real necessidade e pertinência da havida intervenção na OAB/PA.

Afinal, pergunto eu, qual foi a decisão final do interventor?

Houve alguma acusação contra o Jarbas Vasconcelos e seus conselheiros, que tenha justificado a agressiva, vexatória e desnecessária intervenção pela OAB Federal?

Só me passa pela cabeça, que houve um acesso de estrelismo e aproveitamento da mídia comprometida, por uma pequena e invejosa "tchurma" de advogados da chapa vitoriosa, que aproveitou o episódio ultra, mega, super dimensionado pelo jornal Diário do Pará, da família dos Barbalho, cujo patriarca, notório Ficha Suja, é sinônimo nacional de "honradez" e "honestidade".

Segundo vários conselheiros com quem conversei, a venda do terreno de Altamira foi aprovada por todo o Conselho da OAB/PA.

A unica falha, teria sido a assinatura do vice, Evaldo Pinto, por sua secretária, que, ainda segundo o grupo de conselheiros, era um procedimento corriqueiro e sabido por muitos colegas, inclusive alguns dos que se "indignaram" com o episódio.

Anônimo disse...

Esse anônimo de 27 de abril, 9:23, quer que alguém acredite em suas palavras? Ele tem horror ao Barata, mas elogia no início para parecer isento. Isento uma ova, essa dupla de bandidos tá sendo processada no Conselho Federal e barrou o andamento do processo na Justiça. Qual é o medo do julgamento? Eles sabem muito bem o que fizeram, os advogados não são trouxas não. FORA BANDIDOS!

Anônimo disse...

`Voce tem razão (15.43) bota bandido nisso, procure saber o que o ROBÉRIO D'OLIVEIRA tem aprontado na Prefeitura de Altamira,nesses quase 8 anos. Agora querem fazer a gente acreditar que é tudo culpa de Belo Monte. A jogada deles é para ver se pegam dinheiro vivo da Norte Energia para embolsar como fizeram durante esses anos na Prefeitura. Como a Norte quer gerir a grana eles estão armando essa briga. Quer so um exemplo? A Norte disponibilizou para a Prefeitura uma carta de crédito para equipar com coletes a guarda municipal e até hoje a prefeitura não providenciou os coletes. O que eles querem é " tutu na mão do menino." ESSA É A VERDADEIRA RAZÃO DA CHORADEIRA.

Anônimo disse...

Ask I again!

Qual o resultado do relatório do interventor? Ele pede abertura de inquérito criminal contra alguém? Existe acusação de alguma ilegalidade, salvo a assinatura do Evaldo Pinto, feito por sua secretária? Foi sugerida alguma punição administrativa com base no EOAB?

Temos que ser objetivos e parar de divagar nas acusações e nas ilações.