terça-feira, 17 de janeiro de 2012

DJALMA CHAVES – Admiração sem fim

Afastei-me de Djalma Chaves – sem nem por isso deixar de dedicar-lhe amizade, admiração e respeito – na esteira de um mal-entendido para o qual, devo admitir, também contribui. Há mais ou menos 12 anos atrás, em uma época na qual, por imposição profissional, viajava com freqüência para o interior, ele telefonou-me, indagando-me se teria condições de conseguir o endereço residencial de uma ex-cunhada, da qual um dos meus irmãos mais velho, que residia em outro Estado, estava formalizando a separação. Disse-lhe que poderia, sim, obter o endereço solicitado, mas, como horas depois estaria viajando para o interior, permanecendo ausente de Belém por mais de cinco dias, encarreguei uma terceira pessoa de obter e repassar a informação solicitada, o que não foi feito, como ficaria sabendo a posteriori.
Djalma, obviamente, ficou magoado pelo meu suposto desdém e a mim expressou, de viva voz, sua decepção. Reagi emocionalmente, por impulso, e também magoado, por vê-lo duvidar da minha fidelidade como amigo, guardei silêncio e privei-me, desde então, de sua prazerosa companhia, ao invés de relatar-lhe o ocorrido e esclarecer o mal-entendido. Depois disso, nos reencontramos em circunstância extremamente dolorosa para nós dois, no velório de Gileno Muller Chaves, para mim, mais do que amigo, um irmão de coração, apesar das eventuais discordâncias, incapazes de tisnar a admiração e o respeito que sempre inspirou-me. Na ocasião, eu e Djalma nos cumprimentamos amavelmente, embora atordoados pela morte prematura do amigo em comum.
Seja como for, guardo para sempre a cara lembrança que fatalmente evoca Djalma Chaves, como exemplo de um homem digno e probo. Por isso, como o poeta, digo: “Mas as coisas findas, muito mais que lindas, estas ficarão.”
De resto, cabe-me expressar o mais sincero desejo, ao amigo que se foi: descanse em paz, caro Djalma.

4 comentários :

Francisco Sidou disse...

Barata,
Em nome da família de nosso amado Djalma Chaves agradeço seu belo registro sobre a sua tão dolorosa partida, mas, sobretudo, sobre sua profícua existência, onde sempre praticou o bom combate e nunca se deixou contaminar pelos apelos do enriquecimento fácil ou da vaidade das vaidades, , sempre pautando sua vida pela honradez e decência. Sou primo da Rádia, sua dedicada esposa e sempre o considerei também da família, com muita honra, aliás. Sua mãe, dona Ângela, era uma pessoa maravilhosa. Jamais esqueci sua solidariedade durante o enterro de minha querida e saudosa mãe Celeste. Vendo nosso desconsolo, ela se aproximou mansamente e nos disse: "Não posso substituir sua mãe, mas quando se sentir triste e sozinho pode nos procurar em nossa casa , pois também o considero da família. Djalma pode ser considerado um exemplo de advogado ético e capaz, de notório saber jurídico e também de reputação ilibada. Ele reunia todos os requisitos, portanto, para ocupar qualquer cargo na magistratura e até em tribunais superiores. Mas preferiu exercer a advocacia, o que fez com muita competência e honestidade. Jamais aceitava causas controversas onde não ficasse bem claro a justeza do pleito. Como disse em seu velório para os seus amigos Felício Pontes, Ronaldo Passarinho e Eliezer Levy, "homens como Djalma Chaves vão nos fazer muita falta, pois está cada vez mais difícil substituí-los por falta de peças de reposição humana em meio a uma sociedade que cultua valores imediatistas de uma escala social que valoriza sobretudo o ter bens em detrimento do SER. Com sua partida, Djalma deixa nossa paisagem humana mais pobre e vazia. Que Deus o acolha na mansão dos justos.

Anônimo disse...

Conheci Dr. Djalma Chaves e fui amigo do saudoso Gileno.
Ambos foram pessoas corretíssimas.
Muito pertinentes suas palavras.

Francisco Sidou disse...

Caro Barata,
Um pequeno esclareciumento, só para evitar interpretações controversas. Na postagem anterior dei meu depoimento não em nome da família de Djalma Chaves, mas como alguém que se sentia de sua família também e como tal sofrendo o impacto de sua perda. Foi essa minha verdadeira intenção, talvez não expressa corretamente.

Francisco Sidou (jornalista) disse...

Caro Barata,

Favor acrescentar que falei apenas em nome da família Sidou, ok ?