Sem estar atrelado a nenhuma legenda partidária ou liderança política, nem a qualquer dos grupos de comunicação do Estado, e apesar da execrável censura judicial - inspirada em motivações escusas e patrocinada pela rapace togada -, e a despeito de ser proscrito nas repartições públicas estaduais, o Blog do Barata ultrapassou neste domingo, 23, os 2 milhões de acessos. A marca alcançada sinaliza que, a despeito das precárias condições de trabalho sob as quais é feito, o blog consolida-se como um espaço aberto ao contraditório e, por extensão, ao debate democrático, livre das amarras das conveniências comerciais e políticas que costumam engessar a grande imprensa, particularmente no Pará.
Mais que minha, muito mais que minha, diga-se, trata-se de uma conquista cujo mérito é de todos aqueles que apostam na democracia, cujo pressuposto basilar é a liberdade de expressão. Elites e massas, repita-se, são duas realidades concomitantes, mas que só se justificam como elites abertas e massas conscientes. Para tanto, repita-se também, é indispensável o contraditório, o debate democrático, na esteira da convicção pétrea de que quem discorda, quem debate, quem esclarece, não oferece o menor perigo. O perigo, repita-se ainda, porque oportuno, vem sempre de quem é subserviente por cálculo, profissão, formação e interesse.
O mérito dessa conquista é de todos os que apostam na democracia e no debate democrático. E reporta ao generoso registro do saudoso Juvêncio Arruda, o pioneiro em matéria de blog jornalístico no Pará, feito em 24 de junho de 2008, quando o Blog do Barata aproximava-se da marca dos 300 mil acessos. “Quem sabe o custo - pessoal, profissional, social, familiar - a esta altura da vida, de manter um blog nesta atmosfera em que vive a política e seus interesses e protagonistas, as sanhas e os desejos, as contradições e as alternativas, pode registrar o fato com satisfação pelo que de solidário - ainda que não explicitado - existe entre os blogs que não tem receio de assinar em baixo da polêmica, mesmo que, como sempre frisa o Barata, convivendo com as eventuais diferenças”, assinalou sabiamente Juvêncio, responsável pelo blog 5ª Emenda, com a competência, sagacidade e sensibilidade que o notabilizaram, dentre outras de suas virtudes.
No Pará, precedidos pelo Jornal Pessoal, de Lúcio Flávio Pinto, jornalista que dispensa apresentações, em termos de competência e credibilidade, os blogs jornalísticos sepultaram o monopólio da informação, até então detido pelos barões da grande mídia e manipulado de acordo com seus interesses, comerciais e/ou políticos. A disseminação das redes sociais consolidou a democratização da informação, assegurando a transparência diante da qual tanto recalcitram os eventuais inquilinos do poder, independentemente de legenda partidária. Elogio em boca própria é vitupério, mas orgulho-me de dar minha contribuição para esta conquista, com o Blog do Barata. Entra governo, sai governo, permaneço onde sempre estive – ao lado do jornalismo independente e por isso hostilizado pelos poderosos de plantão e seus cúmplices.
Pelo que me cabe, nessa conquista, agradeço à terna generosidade da minha mulher, que tanto encorajou-me a lançar-me nesta empreitada, que dentre outros ônus inclui privar-me da sua gratificante companhia e do estimulante convívio familiar. Dedicada colaboradora, mas também crítica implacável dos eventuais excessos, ela às vezes ainda se encarrega, com sua proverbial elegância, de acionar o moderador, diante dos excessos e impertinências de alguns dos comentários anônimos.
Não posso esquecer dos caros amigos, com suas palavras de incentivo e, às vezes, com críticas que servem de freio de arrumação, pelas quais tanto sou grato, porque poupam-me de eventuais equívocos. Agradeço, principalmente, as fontes, anônimas ou não, cujas denúncias pautam não só o blog, mas frequentemente a grande imprensa paraense, ainda que esta sonegue os créditos. Agradeço, enfim, todos aqueles que prestigiam-me com a leitura do Blog do Barata.
Obrigado, mas muito obrigado, mesmo.