segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SUCESSÃO – Diário serve de palanque para Orly

Contrariando as expectativas suscitadas, deixou muito a desejar a entrevista com Orly Bezerra (foto, à dir., no bate-boca com Edson Barbosa, marqueteiro de Ana Júlia Carepa), o marqueteiro da campanha do governador eleito Simão Jatene, publicada na edição deste último domingo, 14. do Diário do Pará, o jornal do grupo de comunicação da família do ex-governador Jader Barbalho, o morubixaba do PMDB no Estado. Por auto-censura de Rita Soares, a repórter especial do jornal que fez a entrevista, diante das conveniências políticas dos Barbalho, ou porque a ela falte o indispensável distanciamento crítico, diante de seus vínculos históricos com a tucanalha, o pingue-pongue com Orly acabou por soar a um álibi destinado a oferecer um privilegiado palanque midiático ao marqueteiro-mor do PSDB no Pará.
Convém sublinhar, a propósito da entrevista com Orly, que o Diário do Pará é o jornal de maior vendagem no Estado, segundo o rigoroso IVC, o Instituto de Verificação de Circulação, de reconhecida experiência e credibilidade. Tanto quanto cabe recordar que existem fortes indícios de um acordo de bastidores entre o ex-governador tucano Simão Jatene, novamente eleito governador, e o ex-governador Jader Barbalho, líder incontestável do PMDB no Estado e a mais longeva liderança política da história do Pará.
Como, no Pará, o PSDB mantém estreitos vínculos com o grupo de comunicação da família Maiorana – que inclui o jornal O Liberal e a TV Liberal, afiliada da TV Globo -, e como Jader Barbalho emergiu fragilizado das recentes eleições, sobretudo por ter sua eleição para o Senado barrada com base na Lei da Ficha Limpa pelo STF, o Supremo Tribunal Federal, resta saber se Jatene honrará seu suposto compromisso com o ex-governador peemedebista. Os Maiorana, como se sabe, são inimigos figadais de Jader Barbalho e costumam reagir com hostilidade diante de toda e qualquer aproximação de seus eventuais parceiros com aquele que elegeram seu desafeto político e concorrente comercial.
Quanto a Orly Bezerra, por ser um personagem instigante, dele se poderia exigir mais em uma entrevista. A despeito de notórias limitações intelectuais, ele é ardiloso e acumula, como marqueteiro, respeitável experiência em matéria de estratégias e tramóias. Nos bastidores da Griffo, ele conta com o seu discreto e competente sócio, Antônio Natsu, este o personagem oculto e cerebral da agência. No cotejo, Orly vem a ser, por assim dizer, o nome de fantasia de Natsu, tão arrogante e ambicioso quanto o dileto sócio. Seja como for, o marqueteiro-mor da tucanalha é um arquivo vivo dos bastidores da história recente do Estado. Desde 1990 ele participa das eleições estaduais do Pará, o que o tornou, efetivamente, personagem e testemunha privilegiada das recentes disputas políticas no Pará. Em 1990 ele participou da campanha ao governo do empresário Sahid Xerfan (PTB), apoiado pelo então governador Hélio Gueiros, mas derrotado pelo ex-governador Jader Barbalho. Em 1992 fez a vitoriosa campanha do ex-governador Hélio Gueiros (então PFL) à prefeitura de Belém. Em 1994 participou da campanha de Almir Gabriel (PSDB), do qual voltou a ser de marqueteiro em 1998, consolidando a parceria com a tucanalha. Comandou a campanha de Simão Jatene, em 2002, o poste eleitoral que o ex-governador Almir Gabriel tornou seu sucessor. Em 2006 foi novamente o marqueteiro de Almir Gabriel, derotado pela petista Ana Júlia Carepa. Depois disso fez sete campanhas municipais, amargando a derrota em pelo menos cinco delas - incluindo o tropeço eleitoral da ex-vice-governador Valéria Vinagre Pires Franco, candidata do DEM à Prefeitura de Belém -,antes de responder pelo marketing da vitoriosa candidatura de Simão Jatene ao governo este ano.

4 comentários :

Anônimo disse...

A impressão que fica com a leitura das entrevistas com os marketeiros é a de que a população pode ser levada a votar até mesmo em Hitler, basta apenas que se encontra o meio correto de persuasão.
A propaganda moderna começa com o Nazismo e é impresciionante como ela ainda permanece ligada a ele.

Anônimo disse...

Isso é que é se dar uma importância maior do do que se tem.

Ricardo disse...

Já sei que vão sumir as mazelas do Pará a partir de 2011, nenhuma televisão do Estado vai noticiar assaltos, roubos, assassinatos, corrupção no governo estadual e outras coisas mais, é só conferir.

Anônimo disse...

Simão vai comprar a imagem de boa gestão, porém na prática seu governo é o reino do patrimonialismo e do clientelismo provinciano.

Os servidores públicos por exemplo experimentaram um grande arrocho salarial.